O Presidente da República ofereceu um jantar, no Palácio Nacional da Ajuda, em honra do Presidente da República Francesa, Emmanuel Macron, e Senhora, Brigitte Macron, por ocasião da Visita de Estado que está a realizar a Portugal.
Discurso do Presidente da República no Jantar oficial em honra do Presidente da República Francesa
Monsieur le Président Emmanuel Macron,
Madame Brigitte Macron,
Senhor Presidente da Assembleia da República,
Senhor Primeiro-Ministro,
Senhora Dra. Carla Montenegro,
Senhores Presidentes dos Tribunais Superiores,
Honorable Délégation Française,
Excellences,
Chers amis, Emannuel et Brigitte,
Soyez les bienvenus, car cette visite approfondit l'amitié entre nos deux États et nos deux peuples, transformant un partenariat stratégique en un traité d'amitié et de coopération.
Soyez les bienvenus, car votre venue a lieu à un moment crucial, où l'on doit se rendre compte en Ukraine, comme au sein de l'OTAN, comme dans le monde, qui sont les partenaires, les alliés, les amis, et qui sont les anciens ou les nouveaux adversaires ou ennemis.
Soyez les bienvenus, d'abord, parce que l'amitié née avec le père de notre premier roi, comte de la future France, s'est développée avec les poètes provençaux, les liens entre vos universités et celle qui fût notre première, vôtre langue ainsi que votre culture et les nôtres, la francophonie la lusophonie, votre accueil fraternel de nos compatriotes au fil des siècles. Entre eux, nos exilés avant da Révolution des Œillets.
La même amitié pour les milliers de nos compatriotes morts à La Lys, pour Aristides de Sousa Mendes, qui a sauvé tant de vos citoyens pendant la Seconde Guerre mondiale, pour plus d'un million de nos concitoyens qui ont contribué à construire une partie de la France et qui se sentent aujourd'hui citoyens et fiers de l’être.
La même amitié d'Emmanuel Macron, le 14 juillet 2018, qui a remercié le Portugal pour notre présence, dans la guerre et dans la paix, comme nous l'avons vu il y a quelques jours en réciprocité avec Lino de Sousa Loureiro, un vrais héros portugais, également mort par amour pour la France.
Une amitié qui se projette dans les partenariats, dans les Saisons Croisées, dans les arts, dans l'automobile, dans l'aérospatial, dans les aéroports, dans les télécommunications, dans la haute technologie, dans les start-up, dans le numérique, dans les océans.
Une amitié qui mérite le traité qui sera signé demain à Porto, vision du Président Emmanuel Macron et du Premier ministre Luís Montenegro, dans la lignée de son prédécesseur, Président António Costa, nous rappelant que l’amitié se cultive aussi à travers les traités, surtout dans les moments cruciaux.
Excelências,
Bem-vindos, porque este é um momento crucial na definição de quem é parceiro, aliado e amigo.
Na Ucrânia, na NATO, no Mundo.
Há três anos, a maioria esmagadora do Mundo condenou a intervenção política e militar da Federação Russa na Ucrânia. Por violar Direito Internacional, Carta das Nações Unidas, soberania e integridade territorial.
A nossa Europa foi a primeira a unir-se ao Estado e ao Povo Ucraniano.
Os Estados Unidos da América logo se juntaram à frente dos apoiantes da Ucrânia, com eles outros parceiros da NATO, europeus e não europeus.
De braço dado com a Europa, como nas últimas décadas, a Administração norte-americana agiu, sempre, como parceira, aliada e amiga da Ucrânia e do Povo Ucraniano em guerra, sendo os Estados Unidos o principal contribuinte em armamento decisivo, mas sendo a União Europeia o maior contribuinte global.
E todos sabíamos quem eram e onde estavam os parceiros, aliados e amigos. Tal como sabíamos quem eram e onde estavam os adversários e inimigos.
Três anos depois, o novo Presidente dos Estados Unidos da América rompeu com a orientação do seu antecessor e toda a política externa desde a Segunda Guerra Mundial.
Questionou a soberania do Canadá, aliado na NATO e na Ucrânia e tendo como Chefe de Estado o Rei do Reino Unido, outro aliado tradicional.
Questionou a Administração da Dinamarca, outro aliado na NATO e na Ucrânia, na Gronelândia.
Afirmou o objetivo de paz o mais rápido possível na Ucrânia, assente no entendimento preferencial com a Federação Russa, e sem intervenção europeia.
Quanto à Ucrânia, a nova Administração foi mesclando ataques ao Presidente ucranianao, enunciando condições russas para acordo, com a não admissão da legitimidade do Presidente ucraniano, a não adesão futura à NATO, pondo mesmo em causa as fronteiras internacionalmente fixadas e reconfirmadas em Minsk.
Quanto à União Europeia, a Administração norte-americana juntou à rejeição da participação no processo de paz na Ucrânia, a exigência reforçada do aumento do investimento militar europeu acenando com desinvestimento norte-americano no apoio existente e no apoio para segurança após a guerra.
O Vice-Presidente, em Munique, tornou ainda mais nítida a nova linha no, pronunciou-se sobre a situação política interna nos Estados da União, e interveio em pleno processo eleitoral num desses Estados.
Na passada segunda-feira, nas Nações Unidas, pela primeira vez desde o fim da II Guerra Mundial e da criação da ONU, os Estados Unidos votaram ao lado da Federação Russa, contra os seus aliados europeus e na NATO.
Isto são factos, não são opiniões. Perante eles, só não vê quem não quer ver.
Os Estados Unidos da América e os seus atuais governantes têm base eleitoral interna para quererem mudar radicalmente a posição do anterior poder político.
Têm, porventura, base eleitoral interna, mas não necessariamente legitimidade jurídica internacional, para atacar a soberania de parceiros, aliados e amigos, para intervir na sua integridade territorial, para preferirem fazer a chamada paz com a Federação Russa e seus aliados, sem a União Europeia. E até para reduzirem o papel da Ucrânia a uma sujeição máxima e soberania mínima. É fácil de ver, que dia após dia, neste último mês, com estes gestos, se foi corroendo a NATO. E, de alguma maneira, assim fazendo lembrar as hesitações e tendências de Washington no final da Segunda Guerra Mundial de protetorado em relação à Europa, felizmente logo evoluindo para uma fecunda visão democrática e de parceria com a Europa e integração.
Numa palavra. Os Estados Unidos da América parecem, neste momento, ter decidido favorecer a Federação Russa e seus aliados, na situação existente na Ucrânia, em detrimento da União Europeia e seus aliados. O que nem o acordo anunciado consegue fazer esquecer.
Verdadeira paz não é rendição mais ou menos disfarçada.
Exigir mais empenho aos aliados, como a União Europeia, só pode ter como fundamento moral o exigir que quem solicita tal reforço, não divida, não enfraqueça, não deixe cair os seus aliados, dando a sensação de que pode converter os antigos adversários, ou inimigos comuns, em parceiros, aliados ou amigos desejados para o presente e para o futuro.
As votações nas Nações Unidas mostraram que há ainda uma maioria que respeita os valores da Carta, que há ainda uma maioria que se recusa negar o que votou em 2023 e 2024, que a Europa tem e pode ter um papel importante no Mundo, que a França teve a coragem de ajudar a emendar uma resolução americana oposta à posição dos últimos três anos. E tudo o que era justo, legal e legítimo venceu na Assembleia Geral.
E, depois, a nova Aliança de voto – Estados Unidos da América e Federação Russa – fez adotar no Conselho de Segurança uma resolução que ignorou a invasão, ignorou a Ucrânia, ignorou a Carta e o Direito Internacional.
A Europa tem sempre de unir e fazer mais e melhor até para que novos entendimentos não enfraqueçam, aos poucos, fazendo de conta que o efetivo respeito da aliança da NATO existe, para ir sendo esvaziado por dentro.
O que sabemos nós, portugueses, franceses, europeus, é que não fomos eleitos para esse caminho, mas para respeitar na Ucrânia como noutras situações no Universo os nossos compromissos constitucionais e internacionais com os valores éticos, políticos, sociais e económicos correspondentes.
Para fazermos da Europa unida, desenvolvida, justa uma verdadeira potência universal.
Churchill e De Gaulle perceberam isso há noventa anos e há oitenta anos.
Vossa Excelência percebeu imediatamente e afirmou com coragem e clareza a posição francesa e europeia em plena Casa Branca.
Vous l'avez immédiatement compris et vous avez affirmé avec audace et clarté la position française et européenne dans le bureau ovale de la Maison Blanche.
Pour toutes ces raisons, votre venue au Portugal, Monsieur le Président, à ce moment précis, sachant que nous faisions déjà l'histoire alors que d'autres n'existaient pas encore, avec la France jouant un rôle essentiel dans l'indépendance nord-américaine et le Portugal, premier État neutre à reconnaître cette indépendance, nous qui avons été parmi les derniers à quitter l'Afghanistan, j'y suis allé, en décembre 2019, même après que d'autres l'aient fait, comme ils l’ont fait, pour toutes ces raisons, votre venue arrive au bon moment.
Pour toutes ces raisons aussi, je vous prie, Monsieur le Président et Madame Brigitte Macron, de lever vos verres, avec moi, à votre santé ainsi qu’à votre prospérité, à celles de l’historique peuple français et de l’historique peuple portugais, et à leur amitié que nous souhaitons pérenne, dans une Europe que nous voulons pleinement réussie.
Merci.