Muito boa noite!
Eu sei que tem sido regra haver uma elevada abstenção nas eleições para o Parlamento Europeu.
Eu sei que muitos portugueses pensam que as eleições de amanhã não importam à sua vida, porque não escolhem Presidentes da República, nem deputados que os representem, nem Governos nacionais que decidam sobre os seus problemas, nem Governos regionais ou autarcas nos municípios ou nas freguesias que lidem com a sua vida de todos os dias.
Eu sei que o mais de um milhão de compatriotas que vive por esse mundo fora, e que, num passo histórico, passou a ter direito de voto, pode estar ainda longe destas suas primeiras eleições.
E também sei que, nas campanhas eleitorais europeias, se fala de muito mais do que de Europa, sobretudo num ano, como este, em que daqui por quatro meses, há novas eleições, as eleições para a Assembleia da República.
É, por isso, tentador ficar em casa e deixar a outros o encargo de irem votar, guardando para outubro o voto considerado essencial.
Eu sei tudo isto. Nós sabemos tudo isto.
Mas é um erro. É um erro enorme.
A Europa é, com todos os seus problemas, a área com mais direitos do Mundo.
Muita da nossa vida resolve-se na Europa.
Na Europa temos quase dois milhões de familiares nossos.
Na Europa se tomam decisões que marcam o nosso presente e o nosso futuro — nas finanças, na economia, no emprego, na formação, nas escolas, no ambiente, nas estradas, no digital, na inovação.
Na Europa temos tido apoio, com fundos, para fazermos muito do que sozinhos faríamos com maior custo e para mantermos, em momentos difíceis, a capacidade de nos financiarmos lá fora.
Ora, na Europa, na União Europeia, só temos uma hipótese de escolher os nossos representantes diretos. E que é, a de participar na eleição dos nossos deputados europeus.
Hoje, embora disso nos não demos conta, é tão importante o que se decide na Europa como muito do que se decide apenas em Portugal. E a Europa vai tomar, nos próximos meses e nos próximos anos, decisões fundamentais para o nosso futuro.
Por isso, vos venho pedir que esqueçais o que vos desgostou na campanha eleitoral, ou a tentação de pensar que é um voto incómodo, um voto desinteressante, um voto desnecessário, ou o comodismo de achar que votar é para os outros, para os núcleos duros dos partidos, para os entendidos, para os mesmos de sempre.
Peço-vos esse pequeno sacrifício que é não deixar nas mãos de 20% ou de 25% a decisão que é de todos. Até por uma razão muito simples, para no dia seguinte, não terdes, não termos, de recomeçar o queixume de que a Europa, a que pertencemos, está errada, de que a Europa não nos entende, de que a Europa não nos apoia como deveria fazê-lo, de que a Europa não é suficientemente solidária, de que a Europa se encontra dominada por aqueles que não queremos, nem aceitamos. Tudo porque a maioria esmagadora escolheu não escolher. Ou melhor, escolheu não dedicar, amanhã, uns minutos do seu tempo àquilo que vai determinar os próximos cinco ano da nossa vida.
Assim começou, em tantos casos, a fraqueza das democracias. Assim começou, vezes demais, o caminho para a sedução dos poderes absolutos.
Votar amanhã é não desistir da liberdade de mandar no nosso futuro.
Muito boa noite.