Muito boa noite,
Um ano de 2019, com saúde, partilhado com as vossas famílias e aqueles que vos são queridos, realizando ao menos uma parte dos vossos sonhos e anseios é o meu voto para todos vós.
Vivendo dentro das nossas fronteiras físicas. Construindo Portugal fora delas. Ou, garantindo, ao serviço da Pátria, paz, segurança e direitos humanos pelos cinco continentes.
A todos agradeço mais um ano de trabalho, de dedicação, de orgulho de ser Português.
Nós sabemos que estes tempos continuam muito difíceis.
Num mundo que falta em Direito, em ética, em paz, em diálogo, em justiça, em certeza, o que sobra em razão da força, em conflito, em desigualdades, em incerteza.
Numa Europa que fica mais pobre com a partida do Reino Unido, desacelera na economia, vê crescerem promessas sem democracia e sem pleno respeito da dignidade das pessoas.
Num Portugal, que saiu da crise, reganhou esperança, mas que precisa de olhar para mais longe e mais fundo.
Nós sabemos que a resposta a estes tempos muito difíceis só pode ser uma – valores, princípios e saber aprendido com quase nove séculos de História.
Dignidade da pessoa, de todas as pessoas, a começar nas mais frágeis, excluídas e ignoradas.
Liberdade, diferença, pluralismo, Estado de Direito. Que não há ditadura, mesmo a mais sedutora, que substitua a democracia, mesmo a mais imperfeita.
Justiça social, combate à pobreza, correção das desigualdades. Que não há democracia que dure onde apenas alguns, poucos, concentrem tanto quanto todos os demais.
Valores, princípios, saber de experiência feito. Pois o mesmo vale para o ano eleitoral que nos espera e que em rigor já começou em 2018.
As vossas escolhas irão decidir o nosso destino durante quatro anos, nas eleições para a Assembleia da República e para a Assembleia Legislativa Regional da Madeira e também muito da nossa presença na Europa, durante cinco anos, nas eleições para o Parlamento Europeu.
O que vos quero pedir, hoje, é simples, mas exigente.
Votem. Não se demitam de um direito que é vosso, dando mais poder a outros do que aquele que devem ter.
Pensem em vós, mas também nos vossos filhos e netos, olhem para amanhã e depois de amanhã e não só para hoje.
Debatam tudo, com liberdade, mas não criem feridas desnecessárias e complicadas de sarar.
Chamem a atenção dos que querem ver eleitos para os vossos direitos e para as vossas escolhas políticas, pela opinião, pela manifestação, pela greve, mas respeitem sempre os outros, os que de vós discordam e os que podem sofrer as consequências dos vossos meios de luta.
Se quiserem ser candidatos analisem, com cuidado, o vosso percurso passado e assumam o compromisso de não desiludir os vossos eleitores.
Pensem como demorou tempo e foi custoso pôr de pé uma democracia e como é fácil destruí-la, com arrogâncias intoleráveis, com promessas impossíveis, com apelos sem realismo, com radicalismos temerários, com riscos indesejáveis.
Com o mundo e a Europa como se encontram, bom senso é fundamental. O que não é incompatível com ambição.
Podemos e devemos ter a ambição de continuar e de reforçar a nossa vocação de plataforma entre povos, culturas e civilizações.
Podemos e devemos ter a ambição de assegurar que a nossa economia não só se prepare para enfrentar qualquer crise que nos chegue, como queira aproximar-se das mais avançadas e dinâmicas da Europa, prosseguindo um caminho de convergência agora retomado.
Podemos e devemos ter a ambição de ultrapassar a condenação de um de cada cinco portugueses à pobreza e a fatalidade de termos Portugais a ritmos diferentes, com horizontes muito desiguais.
Podemos e devemos ter a ambição de dar mais credibilidade, mais transparência, mais verdade às nossas instituições políticas. Para que a confiança tenha razões acrescidas para se afirmar.
Ponto de encontro entre povos, economia mais forte, sociedade mais justa, política e políticos mais confiáveis.
Será pedir muito a todos nós, neste ano de 2019?
Não. Não é.
Quem venceu crises e delas saiu, com coragem e visão, é, certamente, capaz de converter esse esforço de uma década num caminho mobilizador e consistente de futuro.
Conto convosco, portugueses, neste ano de tantas decisões, para esse desafio comum.
Podem contar com o vosso Presidente da República para procurar que nenhum dos vossos contributos seja desperdiçado, nenhuma das vossas vozes seja ignorada, nenhum dos vossos gestos seja perdido. Porque Portugal precisa de todos nós.