É um grande prazer receber-vos aqui em Belém, receber as câmaras de comércio e indústria portuguesas que pela sua importância para a promoção das relações comerciais das empresas implantadas em Portugal e na Diáspora com parceiros de todo o mundo, ao mesmo tempo ainda têm a missão fundamental da atração de investimento estrangeiro qualificado e estruturante para o nosso País.
As empresárias e os empresários que lideram as Câmaras de Comércio nos mercados internacionais estão verdadeiramente na linha da frente. São, simultaneamente, um farol na estratégia de internacionalização da economia portuguesa e um indicador das relações entre Estados, uma vez que espelham, e antecipam até, oportunidades e ameaças nas relações económicas, políticas e sociais entre Portugal e cada mercado que as câmaras representam.
Apercebem-se, de imediato, de problemas muito concretos, por exemplo, nas pautas aduaneiras, nas barreiras informais ou burocráticas, nas situações económicas, sociais ou políticas eventualmente, melindrosas -- que devem ser resolvidas pelos canais adequados.
E têm demonstrado um espírito de colaboração exemplar com entidades públicas, nomeadamente com agências do Estado para a promoção das empresas (como a AICEP ou o Instituto de Turismo de Portugal).
Vivemos e viveremos nos próximos cinco anos momentos desafiantes para os empreendedores e investidores portugueses. Antes de olhar para o futuro, gostaria de sublinhar que as câmaras de comércio responderam, prontamente, na recessão dos últimos anos, ao desafio nacional focado no aumento das exportações e na captação do investimento estrangeiro.
Temos de convir que esta foi uma aposta nacional, aposta no investimento estrangeiro e nas exportações que nos últimos anos foi bem sucedida. Esse reconhecimento deve ser feito em nome de Portugal.
Numa aliança informal, mas estratégica, entre os setores privado e público, souberam colocar no topo das suas agendas a promoção da imagem do País e assumiram, sem rivalidades inúteis, a ação complementar (às entidades governamentais e públicas) de reforço da rede de contactos dos empresários portugueses no exterior.
Os empresários radicados em Portugal e todos aqueles que vivem e fazem comércio a partir dos respetivos países da diáspora constituem uma rede importante a que o Presidente da República tem dado sempre especial ênfase. Assim aconteceu com os meus antecessores. Assim acontecerá comigo. Para o efeito, os meus antecessores patrocinaram com carinho o Conselho da Diáspora e para a Globalização. Mas eu sinto que há outros meios que podemos usar para potenciar e premiar a excelência da diplomacia económica ao serviço de Portugal. Sem dúvida os contactos através da presença aqui em Lisboa, recebidos pelo Presidente da República. Mas também através do reconhecimento que foi citado por Vossa Excelência. Não deixarei de colocar essa questão ao Governo por sentir que se trata de uma prioridade que não é meramente institucional, não é meramente jurídica, é uma prioridade política que se coloca para reforçar a vossa missão no estrangeiro.
As câmaras desempenham um papel relevante para identificar oportunidades concretas para as empresas exportadoras e prestam apoio, com informação no terreno, aos investidores estrangeiros (e também aos portugueses) que olham para Portugal como um mercado cada vez mais atrativo e com potencial de crescimento, nos mais diversos setores de atividade económica.
Fazem-no de forma prática, identificando parceiros, mais-valias e também os custos de contexto.
E o mais interessante é que, quando olhamos para o centenário edifício da antiga Associação Comercial de Lisboa, onde está sediada a instituição a que Vossa Excelência preside, na Baixa da capital; quando olhamos para o magnífico salão no seu interior ou quando percorremos a rua; percebemos o peso da História -- em especial a do final do século XIX (aquando da constituição destas entidades, que se projetaram num período difícil como foi o do Ultimato, mas que puderam também testemunhar o esforço fontista de investimento público). Olhando para esse passado, vemos como o passado não tolheu, nos dias de hoje, antes constituiu um estímulo adicional o movimento, a energia e a ousadia a empresários, investidores, empreendedores e gestores portugueses que apostam, diariamente, no caminho da internacionalização, diferenciação e inovação, produzindo bens e serviços de valor acrescentado e sabendo bem que o País só é competitivo se os seus bens transacionáveis subirem na cadeia de valor nos mais exigentes mercados internacionais.
O desafio que temos pela frente, esta década e a próxima, é o de manter e aumentar o ritmo de crescimento da economia portuguesa acima daquele registado no último ano. Isso implica uma aposta quer no investimento estrangeiro quer nas nossas exportações. Sabemos como a conjuntura mundial e a própria conjuntura europeia não são particularmente fáceis. Há indefinições em termos económicos e financeiros e há a instabilidade política que decorre de atentados como aqueles que ontem ocorreram e perante os quais a única resposta possível deve ser a da reafirmação dos nossos princípios, não nos deixando atemorizar, mas prosseguindo na normalidade da defesa das nossas causas, da liberdade, da democracia, dos direitos humanos, da dignidade da pessoa humana.
Esta aposta dos próximos anos, que é difícil neste contexto internacional, é a vossa aposta, é a aposta de Portugal. Conquistando a preferência dos nossos parceiros comerciais e dos investidores que apostam em Portugal. Para tal, é preciso olhar de frente para os chamados custos de contexto, resolvê-los -- e acreditarmos mais nas nossas capacidades enquanto Povo que tem produzido empresários que lideram negócios à escala ibérica, europeia e mundial. Só assim é possível criar mais riqueza e emprego em Portugal e nas empresas portuguesas espalhadas pelo mundo. É uma questão de Atitude, Confiança e Esperança.
Aproveito a vossa presença no Palácio de Belém, tendo o Tejo aqui tão próximo, para vos incentivar a uma nova ambição: estes são tempos de novas Descobertas!
É preciso que, nós e os outros, descubramos Portugal. Isto é, que olhemos mais para o potencial, para as oportunidades de Portugal, sem complexos em relação ao nosso passado, que olhemos para a capacidade dos empresários e empresárias nacionais e olhemos menos para aquilo que, por vezes nos divide e onde desperdiçamos inutilmente demasiada energia.
Apesar das dificuldades que conhecemos a nível macro económico e micro económico – e que é urgente enfrentar –, sabemos todos que somos um País com casos empresariais de sucesso que nascem todos os dias e onde vale a pena, orgulhosamente e, sublinho, em segurança, investir e viver.