Respeitado humana, profissional e politicamente por amigos, colegas e adversários, e pelos portugueses em geral, Gonçalo Ribeiro Telles deixa um legado alcançado por poucos.
Arquiteto paisagista, durante anos ao serviço da Câmara Municipal de Lisboa, todos conhecem alguns dos seus trabalhos nos espaços públicos e jardins de Lisboa e Área Metropolitana, com destaque para o jardim da Fundação Gulbenkian, com o qual venceu, ex aequo, o Prémio Valmor.
Militante político e cívico, lutador pela Liberdades e a Democracia, foi fundador do Centro Nacional de Cultura e integrou vários movimentos da oposição monárquica no antigo regime, tendo sido também um dos fundadores e o mais destacado dirigente do Partido Popular Monárquico, exercendo ainda diversos cargos governativos na área do Ambiente, nomeadamente durante os governos provisórios em 1974 e 1975, mas principalmente nos da Aliança Democrática, da qual foi fundador e deputado.
Como ambientalista com responsabilidades públicas, representou desde cedo, e durante décadas, uma consciência crítica esclarecida, contribuindo igualmente para importantes atos legislativos como a Lei De Bases do Ambiente ou a Lei do Impacto Ambiental, combates que prolongou na fundação de um partido ambientalista, o Movimento Partido da Terra.
Figura determinante na consolidação e alternativa na democracia portuguesa, pioneiro em Portugal das grandes questões que hoje, mais do que nunca, se mostram decisivas, homem de grande serenidade e de grandes convicções, é com emoção e saudade que me despeço de Gonçalo Ribeiro Telles, amigo de longa data, a cuja Família envio sentidas condolências.
Marcelo Rebelo de Sousa