Ernesto de Melo e Castro foi a personalidade mais destacada de um movimento marcante da cultura portuguesa contemporânea e um escritor e artista que muito contribuiu para o diálogo cultural luso-brasileiro.
Durante décadas, o nome E. M. de Melo e Castro foi sinónimo de poesia experimental portuguesa, tendência que cultivou como poeta, teórico, crítico, conferencista, editor, dinamizador, logo nos anos 1960, com a revista “Poesia Experimental”, ou, mais tarde, com o volume “PO.Ex” (com Ana Hatherly), e em inúmeras publicações, encontros e performances (em 1959 também organizara, com sua mulher, Maria Alberta Menéres, uma “Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa” que fez época).
Da poesia visual e gráfica ao uso de tecnologias e à videoarte, Melo e Castro juntou o conhecimento e o gosto dos clássicos (como Camões) com as vanguardas modernas, dando uma feição cosmopolita e avançada à poesia portuguesa, e fazendo pontes com o Concretismo brasileiro, que teve grande repercussão além-Atlântico. Foi aliás no Brasil que o escritor viveu muitos anos, doutorando-se em Letras (na Universidade de São Paulo) e dando aulas (na PUC, na mesma cidade). Mas se no Brasil encontrou interlocutores mais atentos e com mais afinidades estéticas, diversas instituições portuguesas também foram mostrando e reconhecendo o seu trabalho ousado e vanguardista.
À família de Ernesto de Melo e Castro apresento as minhas sentidas condolências.