De um importante projeto como a Casa da Comédia, com Fernando Amado, nos anos 1960, à companhia Escola de Mulheres, de que foi uma das fundadoras, em 1995, Fernanda Lapa teve uma longa e ativa carreira como atriz, encenadora, professora e militante teatral, inconformada com “o papel de subalternidade a que a mulher tem sido reduzida no Teatro português”.
Tendo estudado Encenação na Polónia no final da década de 1970, dedicou-se durante anos a atividades letivas (nomeadamente na Escola Superior de Teatro e Cinema, no Mestrado em Estudos Teatrais da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e no Departamento de Teatro da Universidade de Évora), sem deixar de se manter presente não apenas no teatro mas igualmente na dança, na ópera, no cinema e na televisão.
Um dos seus legados, com a Escola de Mulheres, é o trabalho constante sobre textos de ou sobre mulheres, desde os clássicos da Antiguidade (como Medeia) até autoras contemporâneas como Caryl Churchill ou Paula Vogel. Nos últimos tempos, coordenou também as comemorações do centenário de Bernardo Santareno, de quem foi aluna e amiga. E nunca deixou de ser uma voz interventiva nas questões do teatro, da cultura e da intervenção cívica.
À família de Fernanda Lapa envio as minhas sentidas condolências.