“Apresento as minhas condolências à família da escritora Maria Isabel Barreno.
A publicação, em 1972, das Novas Cartas Portugueses foi um acontecimento que definiu uma época. Tomando de empréstimo o modelo das Cartas Portuguesas atribuídas a Mariana Alcoforado, mas discutindo o mundo português contemporâneo, o livro era a expressão de uma mudança de mentalidades e de uma resistência crítica que a censura mal pôde conter. O caso levou às páginas da imprensa internacional as chamadas «três Marias»: Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa.
Mas a obra de Isabel Barreno vai muito além das Cartas. Os seus romances, novelas e contos procuram sempre uma forma de conhecimento da realidade portuguesa: conhecimento psicológico e sociológico, empírico e filosófico, em contexto quotidiano e doméstico ou em registo fantástico. E é esse conhecimento que fundamenta a recusa da dominação das mulheres e da submissão aos «legítimos superiores».
Marcelo Rebelo de Sousa”