A Liberdade de Imprensa tem de ser exercida e defendida todos os dias, bem como a sua independência face aos poderes político e económico.
O seu dia mundial serve para nos lembrarmos disso mesmo e valorizarmos os valores que a sustentam. Longe vão felizmente os tempos, que muitos de nós vivemos, de coação permanente e deliberada dessa liberdade. Noutras latitudes ainda hoje se morre pela liberdade de informar, como ainda há poucos dias no Afeganistão em que um atentado terrorista ceifou a vida a oito jornalistas.
Os tempos, no nosso País, são outros, mas as ameaças também. E, eventualmente, menos perceptíveis. Por isso, nunca podemos dar por adquirido este direito. A velocidade da informação, a aparente facilidade com que hoje todos temos acesso a tantos meios, a manipulação das redes sociais, os constrangimentos económicos, a precariedade laboral, são realidades de hoje que podem por em causa dois valores fundamentais para que a liberdade de imprensa seja exercida: a verdade e o pluralismo.
Como o Papa Francisco lembra na sua mensagem para o Dia da Comunicação Social, a verdade liberta. Neste contexto mundial em que vivemos e em que assistimos ao fenómeno das 'fake news' e em que, como referi na sessão solene do 25 de Abril, tantos populismos crescem à sombra de mediatismos fáceis, é necessária uma vigilância acrescida para que todos possam gozar de verdadeira Liberdade de Imprensa. Será este também um tema de reflexão na conferência "Democracia 4.0", que se realiza no próximo dia 8 de maio, organizada pela Comissão Europeia e à qual dei o meu Alto Patrocínio.
Marcelo Rebelo de Sousa